Artigo - INCLUSÃO ESCOLAR: práticas pedagógicas para uma educação inclusiva

Ivan Prole

INCLUSÃO ESCOLAR: práticas pedagógicas para uma educação inclusiva

Autor: shirleidy de sousa freire

INCLUSÃO ESCOLAR: práticas pedagógicas para uma educação inclusiva


RESUMO

Elencam-se questões referentes a uma temática bastante polêmica no mundo de hoje. Refere-se à inclusão de alunos com necessidades especiais que estão inclusos no ensino regular. Enfocaram-se algumas informações referentes ao histórico da educação especial no contexto brasileiro. Foram explanadas ainda informações voltadas para as ações da comunidade escolar perante à questão da inclusão, em que são apontadas algumas sugestões para que se aja da forma mais adequada possível com os discentes que apresentam especialidades e que necessitam de atenção redobrada. Refletiu-se, nesse contexto, a respeito de um modelo de escola para o trato ideal com os discentes especiais, incluindo a arquitetura e espaço escolares, bem como alguns aspectos fundamentais para que se tenha uma escola inclusiva de qualidade.

Palavras-chave: Educação inclusiva. Educação inclusiva – ação dos docentes. Educação especial. Ensino regular.

 ABSTRACT
It addresses questions relating to a very controversial topic in today's world. It is the inclusion of students with special needs who are placed in regular education. Is cited for this, some information concerning the historicity of special education in the context brasileitro, as also focused on a few legal apparatus in order to contextualize this. Were explained further information with regard to the actions of the school community regarding issues of inclusion, which points out some suggestions to be acted in the best possible way with the students who have specialties and in need of attention. Reflected in this picture, about a school model for the ideal deal with the special students, including school space and architecture as well as key aspects in order to have an inclusive school quality. Anyway, this work is devoted to raising awareness of education in which special students are treated equally and democratic schools.

Keywords: Inclusive education. Inclusive education - teachers' action. Special education. Regular Education

1 INTRODUÇÃO

O grande desafio das instituições educacionais é o de oferecer um ensino de qualidade, onde o desenvolvimento do aluno aconteça levando-se em consideração a formação de um cidadão participativo, crítico e consciente de seu papel na sociedade. A escola, pois, destaca-se pelo seu papel significativo de formar e informar os educando que fazem parte de seu cenário, onde haja um comprometimento de professores, funcionários, alunos e família, requerendo, ainda, grande parceria com a sociedade em que se insere nas responsabilidades de suas tarefas.
A escola, então, neste contexto em que hoje se vive, desperta a criação, ou seja, oferece ao aluno condições para que ele possa gerar alternativas e estratégias de melhor adquirir o conhecimento da vida, bem como de melhores meios para conquistar e valorizar o mundo que o cerca.
No que se refere à inclusão no âmbito escolar, constitui-se em uma ação de intensa importância para a melhoria das atitudes e do desenvolvimento social e educativo dos alunos portadores de necessidades especiais, onde os familiares desse público estão na incessante busca dos seus direitos e conquistas na sociedade. Porém, para se reportar sobre o assunto inclusão escolar, é imprescindível refletir sobre o real sentido que se está atribuindo à questão educação.

Então, percebendo-se que existem diversas controvérsias no que concerne ao discurso e à prática da sala de aula inclusiva, e ao observar o docente em sala de aula sem a mínima estrutura exigível para atender essas crianças de forma a suprir suas necessidades e seus anseios educativos e ainda levando-se em conta que ultimamente verifica-se a grande demanda de alunos com necessidades especiais em escolas de ensino regular deu-se preferência para a escolha dessa temática, a fim de que se tenha uma reflexão sensibilizadora, no que tange à melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem, de forma que se garanta aos discentes inclusos um espaço ideal para a sua permanência, de maneira que realmente o aprendizado efetive-se com êxito, pois "é relevante assinalar que o Sistema de ações políticas constituindo a fim de promover uma educação libertadora, humana e humanizante". (FREIRE, 1987, p. 15).

Nesta perspectiva, adotou-se como objetivo geral analisar sobre quais as principais dificuldades do professor no contexto da educação inclusiva.
E como específicos:
v  Ressaltar a importância da qualificação do professor para um ensino de qualidade com o aluno especial;
v  Refletir sobre as principais dificuldades encontradas pelo docente em suas ações para as práticas inclusivas na sala de aula do ensino regular;
v  Despertar o docente para uma maior reflexão sobre a inclusão escolar.

Para o desenvolvimento deste trabalho recorreu-se à pesquisa de documentos que contivessem maior respaldo sobre a temática abordada e que favoreceu revisão da literatura, o que possibilitou a análise e o acesso à produção documental sobre a temática em questão. Com relação a este tipo de pesquisa, a mesma foi enfocada, porque, conforme Gil (1991, p. 27), "os documentos constituem fonte rica e estável de dados".



2 ANÁLISE HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

No Brasil, a Educação Especial tem sido atualmente conceituada levando-se em consideração uma visibilidade consoante a ações que vão além de uma mera concepção de atendimentos .

Mediante a LDB, refere-se a um novo modelo de educação escolar, voltado para a formação de sujeitos críticos e proativos, que realmente exerçam a cidadania de forma efetiva.

Realizando-se uma retrospectiva, pode-se situar a gênese da Educação Especial nos finais do século XVIII. Durante esse período, o que predominava era a rejeição das pessoas tida como anormais. Até meados do século XVI, não havia uma preocupação mais consistente da sociedade  no oferecimento de um atendimento de mais qualidade no que concerne aos deficientes.

Nesse contexto, por volta dos séculos XVI e XVII, os mesmos eram abrigados em lugares voltados especificadamente para o seu tratamento; eram manicômios ou prisões especiais; a intenção era a de isolamento,; o tratamento era altamento injusto, essas pessoas eram às vezes, submetidas à execuçãopor serem considerados um perigo para a sociedade. Mas, tal situação começou a tomar novos rumos quando,
[...] começaram a surgir as primeiras experiências positivas: o frade Pedro Ponce   de Leon, que em meados do século XVI,  levou a cabo no Mosteiro de Onã a Educação de 12 crianças surdas como surpreendente êxito. Ele é, então reconhecido como iniciador do ensino para surdos e criador do método oral (LIMA, 2009, p. 15).

Assim, dessa iniciativa, no final do século XVIII e início do XIX,  inicia-se tem o surgimento de alguma instituições especializadas em pessoas com deficiência, como por exemplo a sociedade Pestalozzi, uma instituição voltada para  o atendimento ao "especial", que, a posteriori estabeleceu o Instituto Pestalozzi, uma escola voltada para  crianças excepcionais e, então, pode-se considerar a origem da Educação Especial, uma  educação mais coletiva, mais justa, mais igualitária, mais saudável, mais alegre e tranquila, onde o deficiente passou a ser assistido com mais atenção e com menos rejeição.

A partir daí, e com as inúmeras transformações que foram acontecendo no contexto social, foram vários os fatores que contribuíram para que a questão da Educação Especial fosse cada vez mais solidificada, de forma que todos os setores da sociedade passaram a ter grande relevância nesse contexto. As inovações científicas e tecnológicas também tiveram grande contribuição para que se obtivesse mais êxito nos empreendimentos voltados para a Educação Especial.

Mas, no intuito de que todas essas práticas sejam executadas legalmente e democraticamente, algumas leis foram criadas, a fim de que fosse assegurado o exercício das ações voltadas para a educação inclusiva.

 No âmbito da sociedade vigente, o assunto referente à questão inclusiva ou necessidades educativas especiais tem tido grande destaque, onde emergem ferramentas para a regulamentação desse procedimento. Um dos exemplos disso, conforme dito em capítulo anterior é a elaboração de documentos que discutem a questão das necessidades especiais e, dentre eles, destacam-se a Declaração de Salamanca como ainda, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Brasil.

Assim, necessita-se inserir que, em meio ao século XXI não se pode mais digladiar sobre a inclusão de sujeitos com deficiência. A inclusão educacional necessita ser vista e valorizada como ação pedagógica coletiva, completa e sistemática, onde as instituições que lidam com educação possam adequar as suas ações levando-se em consideração a educação inclusiva e seus aparatos legais, à medida que uma educação inclusiva implica uma educação para todos, sem distinção de raça, cor ou sexo e que de ser abraçada por todos, não só do ponto de vista da quantidade, mas também da qualidade, em que os alunos possam apropriar-se de todos os conhecimentos disponíveis e de todas as possibilidades surgidas para uma inserção criativa no mundo.

3 INCLUSÃO ESCOLAR: breves informações

A temática da inclusão consiste, sobretudo, na não exclusão escolar e possibilita atitudes que garantam o acesso e permanência do aluno com deficiência no ensino regular. Contudo, o cenário separatista é algo fortemente perceptível e é enraizado no âmbito das escolas, estimulando o desejo de mantê-los em espaços exclusivos e não coletivos. Porém, a inclusão suscita vários questionamentos aos educadores que lidam com essa situação. Sendo assim, faz-se necessário avaliar a realidade vigente quando se coloca em questão o caso da inclusão.

A palavra inclusão já tem intrínseca ao seu conteúdo a ideia de exclusão, à medida que só é possível incluir, em algum contexto, alguém que já foi excluído. E, para se reportar ao assunto inclusão escolar, é essencial que se reflita sobre tudo o que compreende e envolve essa temática para o processo de construção dos indivíduos.

A educação inclusiva é uma ferramenta renovadora nas instituições escolares, porque ela amplia os horizontes e a participação ativa dos alunos nos processos de ensino e de aprendizagem. Trata-se de uma ressignificação de toda a estrutura educacional para a recepção do aluno especial, incluindo as políticas vigentes, os procedimentos de ensino, bem como todas as outras ações da comunidade escolar. A educação inclusiva embasada neste novo panorama de educação respeita uma condição humana, igualitária e democrática, de forma que o discente possa aprender, bem como apreender, partindo de sua singularidade, tendo como objetivo primordial a contribuição de maneira que se promova a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal para que cada um se construa como um ser global.

As inclusões sociais e educacionais constituem-se hoje em assunto de grande destaque e necessitam atuar através de uma educação que satisfaça às necessidades básicas dos alunos no desenvolvimento pleno das potencialidades, que permita uma vida mais estável e saudável para esse educando, de forma que o mesmo participe das transformações culturais e ajam de maneira proativa na sociedade atual.

Participar das ações da escola, ter acesso ao seu espaço, usufruir dos seus serviços e produtos são ações que os alunos especiais precisam desenvolver, porque eles não podem sentir-se limitados ou ainda deixar de desenvolverem atividades que os alunos ditos normais desenvolvem, porque assim, no lugar de ajudá-los a sentirem-se autônomos, independentes e valorizados, vai-se apenas contribuir para que eles sintam-se ainda mais excluídos, e essa não é a proposta de uma educação inclusiva de qualidade. Páez (2001, p. 33) descreve que a inclusão pode trazer benefícios incontestáveis para o desenvolvimento da pessoa com deficiências, desde que seja oferecido na escola regular, necessariamente, uma Educação Especial que, em um sentido mais amplo, "significa educar, sustentar, acompanhar, deixar marcas, orientar, conduzir".

A educação inclusiva reconhece e respeita todas as diferenças existentes, reconhece as limitações e conhece as necessidades específicas de cada aluno. Essa educação é pautada no atendimento às necessidades dos educandos, fazendo-se necessário que se rompa com velhos paradigmas, de maneira que seja efetivada uma "revolução" na inclusão que se propõe. Precisa-se, pois, obter um sistema educacional inclusivo, na definição ampla deste conceito, é imprescindível que se parta do princípio de que todas as crianças podem e devem aprender que se respeite todas as diferenças existentes entre os alunos e que a metodologia pedagógica atenda às necessidades de todas os discentes.  É necessário ter uma visão holística da situação. Atitudes dinâmicas, flexíveis, lúdicas, abrangentes, que se distanciem do limitado, do separatista, atitudes voltadas para uma escola cidadã, livre de preconceitos, limitações, em que a diferença seja realmente valorizada.

Mas, a fim de que se consiga reformar a instituição escolar, a princípio, necessita-se reformular pensamentos, agindo no sentido de que se obtenha uma educação voltada para a ética e para a cidadania, pois a educação é um meio de construção e reconstrução de valores que fazem as pessoas tornarem-se mais humanas. "Numa educação ética, é preciso resgatar e incorporar os valores solidariedade, de fraternidade, de respeito às diferenças de crenças, culturas e conhecimentos, de respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos." (SIEGEL, 2005, p. 41).

Dessa forma, para que se obtenha uma sociedade democrática, justa e igualitária no contexto educacional, é imprescindível que se busque sempre a qualidade para todos os alunos, o que provoca e exige da escola neófitos paradigmas. Consiste em uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação em todos os processos.

O sustentáculo da luta pela educação inclusiva, com uma nova roupagem para os alunos com necessidades especiais, é com certeza, a qualidade de ensino das escolas. Deve-se buscar, nesse sentido, uma educação que favoreça a fusão entre o conhecimento e a vida, de forma que se identifiquem os conceitos que perpassam por todas as áreas do saber. Uma educação que valorize a cultura, que respeite o espaço e o tempo, que busque conhecer o aluno como pessoa, aprendiz de uma nova vida, de um novo contexto.

O sucesso da inclusão de alunos com deficiência decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos educandos. E somente quando se consegue atingir esse sucesso, quando a escola regular assume que as dificuldades e limitações de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada.

Nesse momento, assume papel relevante o processo de comunicação que será efetivado. Para tanto, é ideal que se compreenda o papel dos meios de comunicação como ação mediadora e transformadora no diálogo aluno X professor. Esse processo comunicativo pode ser dirigido à maior compreensão dos educandos, em busca de uma convivência digna e construtiva, pois o diálogo consiste na ferramenta propícia ao entendimento e à compreensão.

A educação consiste em um processo cíclico, em que várias instâncias fazem parte, por isso, é imprescindível que cada uma delas faça a sua parte nesse ciclo, até porque uma depende da outra, é um processo interativo de ações e decisões a serem tomadas.

Assim, através de uma educação social e libertária, os docentes podem descobrir dentro dos esportes, música, teatro, leituras, pesquisa, das brincadeiras e dos jogos, conhecimentos essenciais para que se possa fazer uma análise dos valores sociais, como os mesmos são relevantes para que se tenha uma boa conduta, comportamentos morais e éticos que sirvam de exemplo para a sociedade vigente.

Dessa forma, o professor necessita trabalhar o conceito de igualdade e democracia no âmbito escolar, à proporção que a educação escolar consiste em um instrumento básico para o exercício da cidadania e para o desenvolvimento proativo dos alunos, e quando se trabalha com pessoas com deficiências, lidar com esses conceitos é extremamente importante, porque o aluno vai se sentir valorizado, passando a conhecer os seus direitos os seus deveres, ele fica informado a respeito de tudo que o cerca, facilitando, assim, o seu aprendizado.

Levando-se em consideração as informações supra citadas, ratifica-se que a escola precisa ser um espaço vivo de formação para todos, e um ambiente verdadeiramente inclusivo é preciso que todas as suas ações estejam voltadas para a questão da inclusão, que os educadores motivem-se, reafirmando as suas responsabilidades educacionais, pois os mesmos necessitam animar-se face a esse contexto, acreditando em seu potencial, em suas ações pedagógicas, em suas estratégias para a melhoria da qualidade da educação.

Estas mudanças e inovações na perspectiva educacional propõem que os educadores façam a diferença, buscando aprendizado, capacitações e qualificação, de forma que se contribua para uma prática diferenciada, desenvolvendo uma educação baseada na afetividade e na superação de limites, que as crianças aprendam a respeitar as diferenças em sala de aula, preparando-as assim para o que a vida lhes reserva pela frente.

À instituição escolar cabe formar uma rede de apoio para que se possa fazer o melhor pelos discentes, desenvolvendo suas potencialidades e cidadania, pois a escola constitui-se no espaço que pode proporcionar-lhes condições para o desenvolvimento de opiniões críticas e proativas.

Repensar e recriar um novo modelo educativo com ensino de qualidade, que se distancie da exclusão social, implica em condições de trabalho pedagógico e uma rede de saberes que se encontram e caminham no sentido contrário do paradigma tradicional de educação segregadora e separatista. A luta pela escola inclusiva, embora seja contestada e tenha até mesmo assustado a comunidade escolar, exige mudança de hábitos e atitudes, pela sua lógica e ética, leva à reflexão e reconhecimento que trata de um posicionamento social que garanta a vida com igualdade, pautada pelo respeito às diferenças. A escola inclusiva deve estar adequada para um novo tempo.

Ou seja,A sociedade e a escola, mais os professores na sala de aula, devem estar preparados e capacitados para poder tratar e conviver com a diferença.Isso equivale a dizer que a instituição deve estar provida de recursos humanos e materiais que possam permitir uma solução adequada para a indisciplina, para a desatenção e para cada outro caso do âmbito em que se desenvolve o processo educacional. O aluno que apresenta um problema qualquer merece sentir-se acolhido, valorizado, incluído e não simplesmente tolerado, no seu grupo (FELTRIN, 2007, p. 15-16).

É hora, pois de repensar a estrutura da escola em todos os sentidos, até porque essa instituição de grande relevância para o desenvolvimento intelecto-cultural, bem como sociocultural, não deve fazer acepção de pessoas, mais especificadamente, de alunos, à medida que a escola possui a missão de formar e informar, enfim, de educar. E, para isso, deve estar preparada, monitorada, respaldada para lidar com as variadas situações que emergirem durante o processo educacional, a fim de que a sua verdadeira essência seja concretizada de maneira eficiente, obtendo-se o êxito esperado.

Sem que a escola conheça o seu aluno, não é possível tomar atitudes viáveis para o tratamento com o mesmo. Devem, pois, serem propostas que reconheçam e valorizem os alunos em todas as suas peculiaridades.

4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE QUALIDADE


A escola refere-se ao espaço responsável pela educação formal, onde ocorrem várias trocas entre os alunos, entre estes e os professores, entre a família e a comunidade escolar e entre as famílias entre si. Assim, essa instituição necessita focar a educação para a diversidade, para a formação de um ser humano multicultural, capaz de ouvir, analisar, de prestar atenção ao diferente e respeitá-lo.

Porém, no que tange aos profissionais que lidam com a educação especial, verifica-se que estes enfrentam muitas dificuldades advindas das limitações de recursos bem como adaptações nas escolas, ausência de materiais e recursos didáticos que viabilizam e facilitam os processos de ensino e de aprendizagem, entre outros, e se deparam com o desafio de enfrentar as pressões marcadas pelo fato de estarem lidando com o estudante "especial".

E, partindo-se do princípio da inclusão e do respeito pelas diferenças que se poderá capacitar esses alunos para o enfrentamento de suas diferenças, qualificar os professores é o primeiro e mais importante passo a se dar rumo à inclusão, garantir recursos didáticos e instalações adequadas a fim de permitir que todos os alunos tenham acesso assegurado à educação. Os professores, entretanto, devem engajar-se nessa missão e descobrir uma nova forma de ensinar incluindo todos, pois quem pode ensinar o que esses alunos podem aprender são os próprios professores.

Cada aluno possui necessidades específicas e que os docentes têm que estar pedagogicamente preparados para lidar, cumprindo com o seu papel de garantir acesso a todos de igual maneira. Assim, é imprescindível que um novo olhar paire sobre esses alunos e sobre as suas necessidades, bem como deve surgir também um novo olhar sobre o papel da escola. A situação atual em que se encontram os sistemas educacionais demonstra que, para atender às necessidades dos alunos especiais, necessita-se ter apoio de vários setores, a fim de que se superem restrições, preconceitos e que se trabalhe no sentido de compensar todas as ações desse alunado.

No contexto da educação especial é preciso dispor de estratégias auxiliares aos serviços educacionais que devem ser planejadas e operacionalizadas para assegurar respostas competentes e compatíveis por parte do sistema e da unidade escolar, que tem o compromisso social da inclusão e o dever de garantir uma educação efetiva para todos. As necessidades educacionais especiais são definidas e identificadas na relação concreta entre o educando e a educação escolar. Logo, na dinâmica inclusiva, os recursos educacionais especiais requeridos pela situação de ensino e de aprendizagem é que se configuram como Educação Especial e não devem ser reduzidos a uma ou outra modalidade administrativa pedagógica como classe especial ou escola especial deve ser muito mais que isso, a Educação Especial é uma educação democrática, igualitária que garanta o respeito e a dignidade de uma vida sem separação.

O aluno especial necessita de atendimento também especial, um ambiente em que imperem a confiança, o estímulo e o incentivo, e a escola tem que estimular essas ambiências, um local vivo em experiências atrativas. É verificável que, face à realidade vigente, onde lidar com o aluno dito normal já consiste em tarefa difícil, principalmente quando se trata de certos descasos com educação brasileira, mas os educadores têm de estar dispostos a enfrentar tais problemáticas para se fazer cumprir a sua real missão, que é permitir o aprendizado ao aluno.

Os docentes, no contexto de sala de aula, precisam conhecer os seus alunos, identificando as possíveis anormalidades emergentes nos mesmos. Eles devem saber identificar os alunos especiais, quais os seus problemas, porque nem sempre esses problemas vêm logo expressos no estereótipo do aluno, a fim de que possam ser tomadas as ações necessárias para cada caso que emergir. Ao docente cabe identificar as dificuldades existentes de cada aluno de forma particular, visando pesquisar e discutir de forma participativa, com todos os integrantes da escola, estratégias eficazes que possam amenizar as dificuldades apresentadas objetivando desenvolver a potencialidade de seus discentes.  Somente após essa análise é que vão ser tomadas as decisões necessárias para a melhor interação com esse aluno.

Os conteúdos a serem abordados no currículo deverão ser os mesmos para os alunos portadores de necessidades especiais, o que deve ser alterados são os recursos didáticos e a metodologia que deverá ser empregada de acordo com as potencialidades apresentadas pelos alunos especiais, juntamente com a elaboração e analise das avaliações aplicadas a estes alunos. Mediante assevera Oliveira (2002, p. 33),
[...] o que a escola faz, de maneira essencial e fundamental, é aquilo que circula no seu interior, como sua atividade principal, como sua matéria-prima fundamental: "o currículo". O currículo é o instrumento através do qual a escola vai preparar o indivíduo para o exercício da cidadania.

O currículo por sua vez é o conjunto de conteúdos selecionados e organizados metodologicamente de tal forma que estejam adequados:
- À realidade social;
- À natureza dos conhecimentos;
- Às necessidades e potencialidades dos alunos.
Com essa organização, busca-se o alcance dos objetivos educacionais, que em última instância levam á formação da cidadania.

Conhecer os alunos é fator primordial para que os mesmos não fiquem à margem das novas práticas, porque sem que a escola conheça os seus alunos e os que estão à margem dela, não será possível elaborar um currículo escolar que reflita o meio social e cultural em que se insere.

A inclusão não significa dizer que se desenvolva um ensino individualizado para os alunos que apresentam déficits intelectuais, problemas de aprendizagem e outros, relacionados ao desempenho escolar. Na perspectiva inclusiva, não se separam os atendimentos, nem dentro, nem fora das salas de aula e, portanto, não há segregação. A aprendizagem dos alunos, quando aceitos como são e tratados como devem, implica automaticamente no bom desempenho das atividades escolares, bem como em seu sucesso, e o objetivo primeiro da educação, caminha rumo à direção de escolas acolhedoras.

Os professores, como qualquer profissional dinâmico, flexível e inovador precisam estar atrelados ao ambiente da inclusão, eles precisam agir, aliando as suas práticas pedagógicas às suas ações afetivas, porque, quem lida com alunos especiais deve, necessariamente, agir com certa afetividade, sentimentalismo e emoção, deixando de lado essa visão dicotômica do ensino dificulta a nossa atuação, como formadores.

Investir em capacitações, proporcionando-lhes uma formação que lhes assegure o preparo de que necessitam para se especializarem em todos os alunos, cursos de extensão e aprimoramento, de especialização com uma finalidade e com um certificado que lhes valide a capacidade de efetivar a inclusão escolar é passo primordial para que alcance uma educação de qualidade no contexto do panorama da inclusão. E esses investimentos devem ser feitos não somente por parte dos professores, como também pelos dirigentes das redes de ensino e das escolas, tanto públicas, quanto particulares, à medida que a pretensão é a mesma para todos da comunidade escolar.

É necessário, assim, investir na formação para se adquirir profissionais qualificados; não se pode perder de vista a realização dessas formações, estando sempre sincronizados ao modo pelo qual os professores aprendem para se profissionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos pedagógicos. As propostas de formação precisam contribuir para a cooperação, a autonomia intelectual e social, a aprendizagem ativa dos docentes, à medida que essas são condições que propiciam o desenvolvimento global de todos os educadores, assim como a capacitação e o aprimoramento profissional dos mesmos.

No que concerne à família, esta se constitui na primeira instituição na qual a criança aprende sobre o mundo que a cerca. A essa instituição pertencem os valores e as normas que dão aos seus membros as condições necessárias para se viver bem. É na família que a criança vai ter os primeiros cuidados, as primeiras relações de afetividade, de aprendizado e de comportamento. Também se revestem de grande importância as concepções e expectativas dos familiares em relação à pessoa com necessidades educacionais especiais.

É indiscutível a importância da família no desenvolvimento de crianças/adolescentes, principalmente quando se trata da criança com alguma necessidade especial. A família é o berço, o núcleo social básico e as relações aí estabelecidas vão depender as relações interpessoais de seus integrantes e de toda dinâmica que envolve esse relacionamento familiar. Nas ações educacionais, as experiências da vida familiar são uma constante e estão sempre presentes, agindo positiva ou negativamente, podendo auxiliar ou dificultar o processo educacional dos alunos.

Assim, para que seja garantido um espaço de formação e informação, deve haver uma colaboração no sentido de promover debates sobre o tema em questão e sobre a aprendizagem dos alunos, suas posturas e práticas.

A escola deve sempre estar aberta e flexível, em todo momento, à participação dos pais dessas crianças, inclusive nas atividades desenvolvidas pela escola para que esteja clara, para os pais, a seriedade da proposta pedagógica específica para seu filho, bem como para que se possa "treinar" os pais para atividades possíveis de serem realizadas em casa. Esse acompanhamento é intensamente primordial, pois os pais passam a conhecer o comportamento dos filhos especiais na escola, fato esse que auxiliará nas ações dos mesmos para com os seus filhos.

É importante ressaltar que o papel dos pais na educação dos filhos não se refere somente ao acompanhamento nas atividades escolares, mas mais precisamente através do acompanhamento do desenvolvimento cognitivo, da relação com a escola, do desempenho educacional e da construção de conhecimento desse aprendiz.

A escola consiste, pois no espaço de acesso aos conhecimentos universais e sistematizados, ou seja, é o lugar que vai lhes proporcionar condições de se desenvolver e de se tornar um cidadão, com identidade social e cultural. Melhorar as condições da escola é formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras, sem obstáculos, sem restrições.

A participação dos pais na comunidade escolar facilita o trabalho do professor que se sente mais seguro e menos solitário na educação das crianças, sentem-se mais autônomos na tomada de decisões, e tem maiores possibilidades de conhecer seus alunos, suas necessidades e anseios e o mesmo passa a trabalhar com mais segurança na educação dos alunos, melhorando o ambiente da escola, diminuindo o índice de ausência dos alunos e melhorando ainda o seu desempenho. No mais, a família e a escola consistem em instituições sociais que acolhem pessoas a partir do nascimento e da infância, e se responsabilizam pelo desenvolvimento social, cultural e intelectual dos alunos.

5 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: alguns procedimentos 

A fim de que se tenham espaços adequados para que se efetive uma prática pedagógica inclusiva com qualidade, necessário se faz ter um ambiente especializado para tal. Assim sendo, as escolas inclusivas precisam estar aptas e preparadas para receber o seu aluno especial, com todas as adaptações necessárias no ambiente, em que o mesmo efetivará o seu processo de aprendizagem.

No mais e conforme apregoa Fávero (2007),
- É indispensável que os estabelecimentos de ensino eliminem suas barreiras arquitetônicas, pedagógicas e de comunicação, adotando práticas de ensino escolar adequadas às diferenças dos alunos em geral, oferecendo alternativas que contemplem a todos os alunos, além de recursos de ensino e equipamentos especializados que atendam às necessidades educacionais dos educandos e sem deficiências, mas sem discriminações.

Não deve haver barreiras arquitetônicas que possam dificultar o acesso de alunos. A escola deve adaptar-se ao aluno com deficiência, de forma que todos os seus setores sejam acessíveis para o mesmo.

Nesse contexto, não se pode deixar de fora a questão da relevância do processo de comunicação nessas instituições, à medida que esse processo é de suma importância para que haja um melhor entendimento entre as partes, facilitando, assim, os processos de ensino e de aprendizagem. Além de habilidade para aprender, a sociedade da informação exige dos cidadãos um processo contínuo de aprendizagem, porque a informação é cada vez mais efêmera e a sociedade está em processo permanente de mudanças.

Tais mudanças, nessas instituições, têm grande influência nos processos de ensino e de aprendizagem. Ficamos confrontados com uma série de dúvidas, mas também adquirimos algumas certezas. Uma é que o aproveitamento otimizado dessa nova arquitetura implica uma mudança bastante perceptível das formas de ensinar e aprender. O uso de textos, vídeos e sons (talvez até o aproveitamento de outros sentidos) pode revolucionar os processos de ensino/aprendizagem. O que predomina é a questão da interatividade. Trata-se da mudança de um ensino, onde é limitado o papel do aluno na busca de informação e em que ele se tenta adaptar à informação existente para um ensino em que a informação se adapta ao aluno, onde quer que este se encontre.

          O aluno que apresenta qualquer problema merece sentir-se acolhido, valorizado e incluído, no sentido literal da palavra. E, caso não se disponha de todos os recursos desejáveis, os educadores devem trabalhar com o pouco que têm, o que não pode deixar de ser efetivado é o tratamento adequado para esse aluno tão especial. Dessa forma,os educadores que dedicam o melhor de suas vidas, anos e energia à orientação dos que lhe são confiados lembrar-se-ão de que jamais alguém conseguiu ver o fim dessa experiência e que, além disso, há muitas formas de se chegar aos mesmos objetivos (FELTRIN, 2007).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão é, pois, um desafio, que ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da educação no Brasil, à proporção que, para cada aluno com ou sem deficiência, poder exercer seu direito à educação com plenitude, é imprescindível que essa instituição escolar intensifique as suas práticas pedagógicas, no intuito de atender as diferenças.

Esse aprimoramento é primordial, no sentido de que os discentes possam passar pela experiência educacional e dela tirar proveito, pois só assim os mesmos podem alcançar o conhecimento.

A construção de uma sociedade inclusiva pauta-se em mudanças de panorama, de paradigmas e de ações, de forma que seja apoiada uma nova prática social que viabilize instituições inclusivas que atendam a todos, independentemente de suas necessidades educacionais especiais, como garantia da participação de todos nesse processo.

 
REFERÊNCIAS

FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga; PANTOJA, Luísa de Marillac P.; MONTOAN, Maria Teresa Eglér. Atendimento Educacional Especializado. Brasília: SEESP, SEED, MEC, 2007. 

FELTRIN, Antonio Efro. Inclusão social na escola: quando a pedagogia se encontra com a diferença. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

LIMA, Sandra Vaz. Histórico da Educação Especial. [S.l: s.n], 2009. Disponível em: http //www.artigonal.com. Acesso em: 06 abr., 2011.

OLIVEIRA, Emílio Celso de. O Currículo de Matemática da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.

SIEGEL, Norberto. Fundamentos da Educação: Temas Transversais e Ética. Associação Educacional Leonardo da Vinci (ASSELVI).Indaial:Ed.ASSELVI,2005.





http://www.artigonal.com/educacao-online-artigos/inclusao-escolar-praticas-pedagogicas-para-uma-educacao-inclusiva-4951779.html
Perfil do Autor

Pedagoga, especialista em Gestão do Trabalho Pedagogico: Supervisão e Orientação escolar, Educação Especial e Inclusiva , Metodologia do Ensino de Lingua Portuguesa e Estrangeira e atualmente cursando MBA em Gestão de Recursos Humanos.

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